sábado, 20 de março de 2010

Glossário de algumas das palavras dos textos da Disciplina de Metodologia de Pesquisa em EGC


Filosofia: (do grego philos - que ama + sophia  - sabedoria, que ama a sabedoria) é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem.
Surgiu nos séculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Começa por ser uma interpretação des-sacralizada dos mitos cosmogônicos  difundidos pelas religiões do tempo. Não apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas as religiões que influenciavam a Ásia menor.
Os mitos foram, segundo Platão e Aristóteles, a matéria inicial de reflexão dos filósofos. Os mitos tornaram-se um campo comum da religião e da filosofia, revelando que a pretensa separação entre esses dois modos do homem interpretar a realidade não é tão nítida como aparentemente se julga.
Modernamente, é a disciplina ou a área de estudos que envolve a investigação, a argumentação, a análise, discussão, formação e reflexão das ideias sobre o mundo, o Homem e o ser. Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição.
As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Essas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto a ampliação quanto o questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências".
Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: Mente (pensar), matéria (o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão (lógica), demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia "Episteme" significa "ter Ciência" "logia" significa Estudo. Didaticamente, a Filosofia divide-se em:
    * Epistemologia ou teoria do conhecimento: trata da natureza crença, da justificação e do conhecimento.
    * Ética: trata do certo e do errado, do bem e do mal.
    * Filosofia da Arte ou Estética: trata do belo.
    * Lógica: trata da preservação da verdade e dos modos de se evitar a inferência e raciocínio inválidos.
    * Metafísica ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada.

Definições dos filósofos sobre a filosofia
Em "Eutidemo" de Platão, é o uso do saber em proveito do homem, o que implica, 1º, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível, e, 2º, o uso desse conhecimento em benefício do homem.
Para René Descartes, significa o estudo da sabedoria.
Para Thomas Hobbes, é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício do homem.
Para Immanuel Kant, é ciência da relação do conhecimento finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência.
Para Friedrich Nietzsche, a filosofia "É a vida voluntária no meio do gelo e nas altas montanhas – a procura de tudo o que é estranho e problemático na existência, de tudo o que até agora foi banido pela moral." (Ecce Homo)
Para John Dewey, é a crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens ("Experience and Nature", p. 407).
Para Johann Gottlieb Fichte, é a ciência da ciência em geral.
Para Auguste Comte, é a ciência universal que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares.
Para Bertrand Russell, a definição de "filosofia" variará segundo a filosofia que adotada. A filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório. ("Dúvidas Filosóficas", p. 1)
Concepções de filosofia
Há três formas de se conceber a Filosofia:
1º) Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais ciências são parte dela. Dominou na Antiguidade e Idade Média. Sua característica principal é a negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas um saber imperfeito, provisório. Um conhecimento é filosofico ou não é conhecimento. Desse modo, o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos. Hegel afirmou: "uma coisa são o processo de origem e os trabalhos preparatórios de uma ciência e outra coisa é a própria ciência."
2º) Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Bacon atribui à Filosofia o papel de ciência universal e mãe das outras ciências. Todo o iluminismo participou do conceito de Filosofia como conhecimento científico.
3º) Crítica: a Filosofia é juízo sobre a ciência e não conhecimento de objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada propriamente de "conhecimento da arte".

Epistemologia: estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento (daí também se designar por filosofia do conhecimento). Ela se relaciona ainda com a metafísica, a lógica e o empirismo, uma vez que avalia a consistência lógica da teoria e sua coesão fatual, sendo assim a principal dentre as vertentes da filosofia (é considerada a "corregedoria" da ciência).
Pode-se dizer que a epistemologia se origina em Platão. Ele opõe a crença ou opinião  ("δόξα", em grego) ao conhecimento. A crença é um determinado ponto de vista subjetivo. O conhecimento é crença verdadeira e justificada.
A teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber como. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade, isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
Conhecida como epistemologia, gnosiologia ou teoria do conhecimento é a parte da filosofia cujo objeto é o estudo reflexivo e crítico da origem, natureza, limites e validade do conhecimento humano. A reflexão epistemológica incide, pois, sobre duas áreas principais: a natureza ou essência do conhecimento e a questão de suas possibilidades ou seu valor.
Há outro tipo de conhecimento, não abrangido pela teoria de Platão. Trata-se do conhecimento prático, o saber que.
A epistemologia também estuda a evidência (entendida não como mero sentimento que temos da verdade do pensamento, mas sim no sentido forense de prova), isto é, os critérios de reconhecimento da verdade.
Segundo Lalande, trata-se de uma filosofia das ciências, mas de modo especial, enquanto "é essencialmente o estudo crítico dos princípios, das hipóteses  e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar sua origem lógica  (não psicológica), seu valor e seu alcance objetivo". Para Lalande, ela se distingue, portanto, da teoria do conhecimento, da qual serve, contudo, como introdução e auxiliar indispensável.

Idealismo: Vulgarmente diz-se que uma pessoa é idealista quando se bate por ideais e orienta as suas acções em função deles. Mas o significado filosófico do termo é substancialmente diferente. Em filosofia chama-se "idealista" a qualquer doutrina que afirme que a natureza última da realidade é mental, opondo-se ao realismo. Isto tanto pode querer dizer que os objectos físicos não existem a não ser como objectos para uma mente, ou que são apenas conteúdos mentais, ou que são algo intrínseca e essencialmente mental. O fundador do idealismo foi o filósofo irlandês George Berkeley para quem só existem dois tipos de coisas: mentes e ideias. Os chamados "objectos físicos" não passam, de acordo com Berkeley, de impressões do sujeito capaz de sentir. Assim, a maçã que temos diante de nós é apenas o conjunto das sensações de cor, sabor, odor, forma, textura, etc., que estão perante a nossa mente quando a percepcionamos. Daí a célebre afirmação de Berkeley de que o seu esse  (existência) é percipi (ser percepcionada), o que equivale a dizer que só as sensações são reais. Mas as sensações nada mais são, segundo Berkeley, do que conteúdos mentais ou ideias. Daí o nome "idealismo" e a conclusão de que os objectos não existem fora de alguma mente que os percepcione. O idealismo de Berkeley tem um cariz marcadamente ontológico (ver ontologia), na medida em que defende que toda a realidade é mental. Outra forma de idealismo, de pendor mais epistemológico (ver epistemologia), é o chamado "idealismo transcendental" de Kant. Kant admite a existência de uma realidade independente da mente, mas afirma que dela nada podemos saber. É idealista na medida em que defende que o mundo tal como o conhecemos é o produto das leis que o sujeito impõe aos objectos quando os percepciona. Os objectos da experiência não são, assim, entidades independentes. Essas leis fazem parte do que Kant designa como "estrutura transcendental" do sujeito. Daí o nome por que é conhecido este tipo de idealismo. Há ainda um terceiro tipo de idealismo, o idealismo absoluto, defendido por Fichte (1762-1814), e sobretudo por  Hegel. Para Hegel toda a realidade é expressão do Espírito Absoluto, que toma consciência de si exteriorizando-se e manifestando-se nos objectos físicos. Aquilo a que chamamos "realidade exterior" é a expressão concreta de uma entidade espiritual única e universal.
Materialismo: sistema dos que julgam que, no universo, tudo é matéria, não havendo substância imaterial. 2 Tendência para tudo que é material, vulgar, grosseiro. M. dialético: teoria marxista segundo a qual as transformações da matéria determinam as transformações das idéias e que, por isso, a matéria tem prioridade não só no tempo, mas também na importância lógica sobre o espírito. M. histórico, Social: doutrina sociofilosófica que considera as formas de produção econômica como os únicos fatores realmente determinantes do desenvolvimento histórico social.
Dogmatismo: atitude filosófica pela qual podemos adquirir conhecimentos seguros e universais, e ter certeza disso.
Cepticismo: atitude filosófica oposta ao dogmatismo, a qual duvida de que seja possível um conhecimento firme e seguro, sempre questionando e pondo à prova as ditas verdades. Esta postura foi defendida por Pirro de Élis.
Relativismo: atitude filosófica defendida pelos sofistas que nega a existência de uma verdade absoluta e defende a idéia de que cada indivíduo possui sua própria verdade, que é em função do contexto histórico do indivíduo em questão.
Perspectivismo: atitude filosófica que defende a existência de uma verdade absoluta, mas pensa que nenhum de nós pode chegar a ela senão a apenas uma pequena parte. Cada ser humano tem uma visão da verdade. Esta teoria foi defendida por Nietzsche e notam-se nela ecos de platonismo.
Holismo: A ideia de que o todo tem prioridade sobre as partes. Na filosofia da ciência, a perspectiva segundo a qual as diversas hipóteses que constituem uma teoria científica não podem ser testadas uma a uma. Testar uma teoria científica implica confrontá-la com a observação. Para fazer isso é preciso deduzir (ver dedução) da teoria certas previsões observacionais. O holista sustenta que não se pode deduzir tais previsões de hipóteses isoladas — na verdade, deduz-se a previsão de todo um conjunto bastante vasto de hipóteses. Assim, se a previsão fracassar tudo o que podemos inferir é que pelo menos uma dessas hipóteses é falsa — não podemos concluir que uma certa hipótese específica foi refutada. Esta perspectiva, também conhecida por tese de Duhem-Quine, sugere que não é fácil falsificar conclusivamente hipóteses científicas. Em epistemologia o coerentismo é um exemplo de holismo. Ver falsificacionismo, método científico.
Dialética: originariamente, a arte do diálogo e da discussão. Em Sócrates  é o processo que permite, por perguntas e respostas, refutar (ver  refutação) os oponentes expondo as contradições (ver  contradição) e as dificuldades das suas posições. Para Platão, a dialéctica é o processo que permite remontar, a partir de hipóteses, de ideia em ideia até à ideia de Bem. Aristóteles considera a dialéctica o estudo dos raciocínios que, ao contrário dos demonstrativos (ver demonstração), partem de premissas (ver premissas) somente prováveis. Kant  chama dialécticos a todos os raciocínios ilusórios e define a dialéctica como uma lógica da ilusão. A "Dialéctica Transcendental" é o estudo das ilusões (paralogismos e antinomias) em que a razão cai quando aplicada para além dos limites de toda a experiência possível. Os idealistas alemães (ver idealismo) vêem na dialéctica uma noção triádica, constituída de tese, antítese e síntese, que Hegel pensa constituir o processo histórico necessário ao desenvolvimento do espírito e Marx da matéria. Usa-se também a expressão "dialéctica argumentativa" para referir o modo como se desenvolve a troca de argumentos numa discussão.
Determinismo: Na sua versão radical, é uma teoria que afirma que todos os estados ou acontecimentos do mundo são determinados por estados ou acontecimentos que lhes são anteriores, de acordo com as leis da natureza. Nesta versão, defende-se que, para qualquer acontecimento b, existe um acontecimento a anterior tal que é impossível que ocorra a sem que, consequentemente, ocorra b. Se esta versão mais radical for verdadeira, levanta-se o problema de saber se é compatível com o livre-arbítrio, isto é, se a acção  humana pode ser concebida como genuinamente livre — os compatibilistas defendem que sim; os incompatibilistas, que não. O determinismo não deve ser confundido com o fatalismo, que é a doutrina segundo a qual nada do que fizermos agora terá eficácia causal. Além disso, nem todos os deterministas são radicais, existindo filósofos que defendem um determinismo moderado. Ver compatibilismo/incompatibilismo, libertismo e indeterminismo.
Gnosiologia: também chamada Gnoseologia é o ramo da filosofia que se preocupa com a validade do conhecimento em função do sujeito cognoscente, ou seja, daquele que conhece o objeto. Este (o objeto), por sua vez, é questionado pela ontologia que é o ramo da filosofia que se preocupa com o ser. Fazem-se necessárias algumas observações para se evitar confusões. A gnoseologia não pode ser confundida com epistemologia, termo empregado para referir-se ao estudo do conhecimento relativo ao campo de pesquisa, em cada ramo das ciências. A metafísica também não pode ser confundida com ontologia, ambas se preocupam com o ser, porém a metafísica põe em questão a própria essência e existência do ser. Em outras palavras, a grosso modo, a ontologia insere-se na teoria geral do conhecimento, ou Ontognoseologia, que preocupa-se com a validade do pensamento e das condições do objeto e sua relação o sujeito cognoscente, enquanto que a metafísica procura a verdadeira essência e condições de existência do ser.

Bibliografia
Textos retirados dos seguintes site:
Dicionário online de português: http://www.dicio.com.br/
Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal
Dicionário Escolar de Filosofia: http://www.defnarede.com/

domingo, 14 de março de 2010

Discutindo: o que é ciência?

Introdução

Este artigo pretende discorrer sobre o que é ciência dentro das perspectivas encontradas nas literaturas e focando no olhar acadêmico. O propósito é entender como acontece o enlace que define o pensamento científico. Como é percebido o processo de pesquisa do ponto de vista da comunidade científica. Como a visão de mundo se alia aos processos, técnicas e métodos científicos e são tidos como verdadeiros e aceitos pela comunidade científica.

A ciência

Para começar a falar de “ciência” é imperativo que se apresente o seu significado, para esclarecer o entendimento sobre objeto ao qual se pretende discorrer.

A palavra ciência, quando pesquisa em dicionários, é tida como saber ou conhecimento. Encontra-se que sua etimologia vem do latim scientia ("conhecimento"), o mesmo do verbo scire ("saber") que designa a origem da faculdade mental do conhecimento (Wikipédia em 12/03/2010). Assim, se percebe que para ter um entendimento sobre o que é ciência é necessário procura mais fundo, a fim de se alcançar um bom entendimento. Para se chegar ao aprofundamento pretendido é prudente verificar o que é ciência por meio da epistemologia.

Martins (1999, p. 6) afirma que não se pode entender “o que é ciência” sem antes ver sua interpretação, pois segundo o autor, a abordagem pode ser uma “questão de fato” (questão empírica – o que tem sido ciência?), uma questão de “natureza normativa” (questão axiomática – o que deveria ser ciência?) ou uma questão de “como se define o termo” (questão analítica – o que poderia ser ciência?).

Abordando o termo pela perspectiva da questão empírica, seria necessário descrever o que tem sido chamado de ciência ao longo dos tempos.

Perceber-se que ao longo dos tempos há uma mudança gradativa, pois a prática científica muda, e esta discussão se enquadraria no campo de uma “disciplina meta-científica ” e não filosófica (MARTINS, 1999, p. 7).

Na segunda perspectiva, axiomática, levanta-se uma questão sobre como a ciência deveria ser, ou seja, se sua utilização é correta ou não, e isso implicaria fazer juízo de valores do ponto de vista ético. Segundo Martins (1999), este valores podem ser internos (melhorar o conhecimento da natureza) ou externos (beneficiar a humanidade) e esses pontos cabem a filosofia responder.

A terceira perspectiva é a analítica e foca no que pode ou não ser considerado ciência. E neste caso pode ser visto de diferentes maneiras, mas que não serão abordados neste artigo. Assim, apresenta se três indagações a respeito desta perspectiva que é abordada no Martins (1999, p. 8) para reflexão futuras:

• Quais as diferentes concepções de ciência que já existiram;

• Quais as diferentes concepções de ciência que se pode inventar;

• O que filosoficamente possível ou impossível na ciência.

Algumas destas indagações podem ser respondidas pela filosofia, por fazer parte das questões filosóficas a visão de ciência. Desta forma, o que a filosofia apresenta em sua base?

Discussão sobre Pensamento Filosófico

A discussão sobre pensamento filosófico afirma que ao observar o mundo este está constituído em fenômenos e objetos. Estes, por sua vez, são de natureza espiritual e material.

Como fenômenos e objetos materiais está toda realidade objetiva fora da consciência (rio, morro, terra, lápis, água etc.) Como fenômenos ideais ou espirituais as que se produzem em nossa consciência (pensamentos, ideias, sentimentos, juízos etc.) (TRIVIÑOS, 2008, p. 18).

O critério de prioridade mobiliza a discussão do que surge primeiro, ou seja, a matéria ou o espírito. Assim emerge dois campos, sendo o idealismo e o materialismo.

Os indivíduos adeptos do idealismo filosófico consideram que o espírito, a idéia, o pensamento vem como princípio primeiro e o material em segundo. Já os adeptos ao materialismo filosófico sustentam que a idéia é o aspecto secundário e a matéria surge antes.

Os idealistas podem se reduzidos aos que são representados pelo idealismo subjetivo e pelo idealismo objetivo. Segundo Triviños (2008, p. 19), para o idealista subjetivo “existir significa ser percebido”, assim a “única realidade é a consciência do sujeito, o conjunto de sensações, vivencias, estado de animo e sensações”.

O idealista objetivo foca na idéia suprema ou espírito absoluto e rejeita a ideia que o primário seja a consciência individual.

O materialismo filosófico apóia-se na conclusão da ciência para explicar o mundo, o homem e a vida. Dentro do materialismo podemos destacar os tipos existentes como materialismo ingênuo (realidade objetiva é tal como é percebida), espontâneo (realidade objetiva fora da consciência podendo ser levado ou empirismo ou positivismo), mecanicista (reduz todos os processos da natureza em processos mecânicos), vulgar (relação entre o cérebro e a idéia, no qual o primeiro produz o segundo de forma relacional) e o dialético (como essência do mundo a matéria sento esta anterior a consciência e a realidade objetiva tendo suas leis cognoscíveis) (TRIVIÑOS, 2008).

Na possibilidade de conhecimento reside o problema fundamental da filosofia no qual se destaca a prioridade, como foi vista a primazia entre matéria e espírito, e na cognicibilidade mundo.

Dentro desses fundamentos navegam os filósofos que negam a possibilidade do ser humano de conhecer o mundo e os que acreditam que o homem é capaz de conhecer o mundo.

O critério de verdade que é a considerado por muitos como a base da ciência, pode ser descoberto com auxílio, em ultima análise, do paradigma que vai balizar o método de pesquisa a ser utilizado para a abordagem de um problema científico.

Segundo Morgan (2007, p. 13) “o paradigma é, portanto, utilizado aqui em seu sentido metafórico ou filosófico, para denotar uma visão implícita ou explicita da realidade”. Desta forma o paradigma pode ser interpretado como sendo a visão do mundo na perspectiva do pesquisador.

Morgan (2007) apresenta quatro paradigmas para sustentação ao desenvolvimento de trabalhos científicos que focam a natureza da ciência e a natureza da sociedade, este último, segundo meu entendimento, refere-se à prática social. Os paradigmas são funcionalista, interpretativista, humanista radical e estruturalista. Em cada um deles há olhares diferentes de abordagem que se apóiam na visão objetiva e na subjetiva e em uma social regulação a uma social dominação da mudança radical.

Dentro destas visões está a “ciência” com seus modelos de dominação intelectual imposta por “autoridades intelectuais” como menciona Hughes (1980).

Estas autoridades intelectuais que são a elite da comunidade científica escolhem e ditam o padrão das publicações assim como escolhem o que é ou não desenvolvido dentro de critérios científicos aceitáveis pela comunidade. As quebras de paradigmas não acontecem de forma abrupta, mas sim de forma gradual para que seja digerida em doses homeopáticas pela elite cientifica que dita o que é ciência.

Esta forma de pensar tolhe o desenvolvimento de teoria e avanços tal como a idade média o vez, porem de forma mais polida, mas menos perversa.

Assim corroboro com a visão de Martins (1999) ao mencionar o desenvolvimento de uma visão não proibitiva de ciência. Frente ao posicionamento que o autor apresenta que os critérios que é impossível de se construir uma ciência fundamentada, que seja puramente dedutiva ou indutiva como mostra o trilema de Aristóteles (MARTINS, 1999).

Entretanto romper o atual estágio e evoluir para um patamar mais elevado de ver a produção científica representa para muito sair de seus confortáveis nichos de conhecimento e se aventurarem em meio a estradas tortuosas de um novo paradigma de construção cientifica.

Conclusão

A percepção de como se deve observar a ciência, pode ter diversas formas e vai depender do pondo de partida do investigador. A abordagem pode variar de acordo com que se pretende buscar no processo de produção científica.

Para descobrir qual é a abordagem mais adequada a filosofia dá os subsídios necessários na maioria das perspectivas que se pretende desenvolver o trabalho científico. Nela o pesquisador vai encontra nas bases da filosofia o caminho a ser percorrido dentro do ponto de vista nos campos ideológicos e materialista, assim como suas subdivisões.

Dentro destes campos a visão do mundo pode se encaixar de maneira a enquadrá-lo em um paradigma.

Contudo, a forma de afirmar o é ou não ciência prejudica imensamente a forma de criar novos paradigmas, teorias, métodos de pesquisa entre outras. Esta forma de agir tolhe a inovação e freia desenvolvimento de novos os processos científicos.

Referências

HUGHES, J. A Filosofia Da Pesquisa Social. Rio De Janeiro: Zahar Editores, 1980.

MARTINS, Roberto de Andrade. O que é ciência, do ponto de vista da epistemologia? Caderno de Metodologia e Técnica de Pesquisa. Nº 9. 1999. Disponível em:< http://ghtc.ifi.unicamp.br/pdf/ram-72.pdf>. Acesso em: 12/03/2010.

MORGAN, G. Paradigmas, Metáforas e Resoluções de Quebra-cabeças na Teoria das Organizações. In: Teoria das Organizações. Caldas, p. Miguel. Bertero, Carlos Osmar. (Coord). São Paulo: Atlas. 2007.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992.