Filosofia: (do grego philos - que ama + sophia - sabedoria, que ama a sabedoria) é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem.
Surgiu nos séculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Começa por ser uma interpretação des-sacralizada dos mitos cosmogônicos difundidos pelas religiões do tempo. Não apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas as religiões que influenciavam a Ásia menor.
Os mitos foram, segundo Platão e Aristóteles, a matéria inicial de reflexão dos filósofos. Os mitos tornaram-se um campo comum da religião e da filosofia, revelando que a pretensa separação entre esses dois modos do homem interpretar a realidade não é tão nítida como aparentemente se julga.
Modernamente, é a disciplina ou a área de estudos que envolve a investigação, a argumentação, a análise, discussão, formação e reflexão das ideias sobre o mundo, o Homem e o ser. Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição.
As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Essas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto a ampliação quanto o questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências".
Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: Mente (pensar), matéria (o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão (lógica), demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia "Episteme" significa "ter Ciência" "logia" significa Estudo. Didaticamente, a Filosofia divide-se em:
* Epistemologia ou teoria do conhecimento: trata da natureza crença, da justificação e do conhecimento.
* Ética: trata do certo e do errado, do bem e do mal.
* Filosofia da Arte ou Estética: trata do belo.
* Lógica: trata da preservação da verdade e dos modos de se evitar a inferência e raciocínio inválidos.
* Metafísica ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada.
Definições dos filósofos sobre a filosofia
Em "Eutidemo" de Platão, é o uso do saber em proveito do homem, o que implica, 1º, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível, e, 2º, o uso desse conhecimento em benefício do homem.
Para René Descartes, significa o estudo da sabedoria.
Para Thomas Hobbes, é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício do homem.
Para Immanuel Kant, é ciência da relação do conhecimento finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência.
Para Friedrich Nietzsche, a filosofia "É a vida voluntária no meio do gelo e nas altas montanhas – a procura de tudo o que é estranho e problemático na existência, de tudo o que até agora foi banido pela moral." (Ecce Homo)
Para John Dewey, é a crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens ("Experience and Nature", p. 407).
Para Johann Gottlieb Fichte, é a ciência da ciência em geral.
Para Auguste Comte, é a ciência universal que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares.
Para Bertrand Russell, a definição de "filosofia" variará segundo a filosofia que adotada. A filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório. ("Dúvidas Filosóficas", p. 1)
Concepções de filosofia
Há três formas de se conceber a Filosofia:
1º) Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais ciências são parte dela. Dominou na Antiguidade e Idade Média. Sua característica principal é a negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas um saber imperfeito, provisório. Um conhecimento é filosofico ou não é conhecimento. Desse modo, o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos. Hegel afirmou: "uma coisa são o processo de origem e os trabalhos preparatórios de uma ciência e outra coisa é a própria ciência."
2º) Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Bacon atribui à Filosofia o papel de ciência universal e mãe das outras ciências. Todo o iluminismo participou do conceito de Filosofia como conhecimento científico.
3º) Crítica: a Filosofia é juízo sobre a ciência e não conhecimento de objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada propriamente de "conhecimento da arte".
Epistemologia: estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento (daí também se designar por filosofia do conhecimento). Ela se relaciona ainda com a metafísica, a lógica e o empirismo, uma vez que avalia a consistência lógica da teoria e sua coesão fatual, sendo assim a principal dentre as vertentes da filosofia (é considerada a "corregedoria" da ciência).
Pode-se dizer que a epistemologia se origina em Platão. Ele opõe a crença ou opinião ("δόξα", em grego) ao conhecimento. A crença é um determinado ponto de vista subjetivo. O conhecimento é crença verdadeira e justificada.
A teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber como. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade, isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
Conhecida como epistemologia, gnosiologia ou teoria do conhecimento é a parte da filosofia cujo objeto é o estudo reflexivo e crítico da origem, natureza, limites e validade do conhecimento humano. A reflexão epistemológica incide, pois, sobre duas áreas principais: a natureza ou essência do conhecimento e a questão de suas possibilidades ou seu valor.
Há outro tipo de conhecimento, não abrangido pela teoria de Platão. Trata-se do conhecimento prático, o saber que.
A epistemologia também estuda a evidência (entendida não como mero sentimento que temos da verdade do pensamento, mas sim no sentido forense de prova), isto é, os critérios de reconhecimento da verdade.
Segundo Lalande, trata-se de uma filosofia das ciências, mas de modo especial, enquanto "é essencialmente o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar sua origem lógica (não psicológica), seu valor e seu alcance objetivo". Para Lalande, ela se distingue, portanto, da teoria do conhecimento, da qual serve, contudo, como introdução e auxiliar indispensável.
Idealismo: Vulgarmente diz-se que uma pessoa é idealista quando se bate por ideais e orienta as suas acções em função deles. Mas o significado filosófico do termo é substancialmente diferente. Em filosofia chama-se "idealista" a qualquer doutrina que afirme que a natureza última da realidade é mental, opondo-se ao realismo. Isto tanto pode querer dizer que os objectos físicos não existem a não ser como objectos para uma mente, ou que são apenas conteúdos mentais, ou que são algo intrínseca e essencialmente mental. O fundador do idealismo foi o filósofo irlandês George Berkeley para quem só existem dois tipos de coisas: mentes e ideias. Os chamados "objectos físicos" não passam, de acordo com Berkeley, de impressões do sujeito capaz de sentir. Assim, a maçã que temos diante de nós é apenas o conjunto das sensações de cor, sabor, odor, forma, textura, etc., que estão perante a nossa mente quando a percepcionamos. Daí a célebre afirmação de Berkeley de que o seu esse (existência) é percipi (ser percepcionada), o que equivale a dizer que só as sensações são reais. Mas as sensações nada mais são, segundo Berkeley, do que conteúdos mentais ou ideias. Daí o nome "idealismo" e a conclusão de que os objectos não existem fora de alguma mente que os percepcione. O idealismo de Berkeley tem um cariz marcadamente ontológico (ver ontologia), na medida em que defende que toda a realidade é mental. Outra forma de idealismo, de pendor mais epistemológico (ver epistemologia), é o chamado "idealismo transcendental" de Kant. Kant admite a existência de uma realidade independente da mente, mas afirma que dela nada podemos saber. É idealista na medida em que defende que o mundo tal como o conhecemos é o produto das leis que o sujeito impõe aos objectos quando os percepciona. Os objectos da experiência não são, assim, entidades independentes. Essas leis fazem parte do que Kant designa como "estrutura transcendental" do sujeito. Daí o nome por que é conhecido este tipo de idealismo. Há ainda um terceiro tipo de idealismo, o idealismo absoluto, defendido por Fichte (1762-1814), e sobretudo por Hegel. Para Hegel toda a realidade é expressão do Espírito Absoluto, que toma consciência de si exteriorizando-se e manifestando-se nos objectos físicos. Aquilo a que chamamos "realidade exterior" é a expressão concreta de uma entidade espiritual única e universal.
Materialismo: sistema dos que julgam que, no universo, tudo é matéria, não havendo substância imaterial. 2 Tendência para tudo que é material, vulgar, grosseiro. M. dialético: teoria marxista segundo a qual as transformações da matéria determinam as transformações das idéias e que, por isso, a matéria tem prioridade não só no tempo, mas também na importância lógica sobre o espírito. M. histórico, Social: doutrina sociofilosófica que considera as formas de produção econômica como os únicos fatores realmente determinantes do desenvolvimento histórico social.
Dogmatismo: atitude filosófica pela qual podemos adquirir conhecimentos seguros e universais, e ter certeza disso.
Cepticismo: atitude filosófica oposta ao dogmatismo, a qual duvida de que seja possível um conhecimento firme e seguro, sempre questionando e pondo à prova as ditas verdades. Esta postura foi defendida por Pirro de Élis.
Relativismo: atitude filosófica defendida pelos sofistas que nega a existência de uma verdade absoluta e defende a idéia de que cada indivíduo possui sua própria verdade, que é em função do contexto histórico do indivíduo em questão.
Perspectivismo: atitude filosófica que defende a existência de uma verdade absoluta, mas pensa que nenhum de nós pode chegar a ela senão a apenas uma pequena parte. Cada ser humano tem uma visão da verdade. Esta teoria foi defendida por Nietzsche e notam-se nela ecos de platonismo.
Holismo: A ideia de que o todo tem prioridade sobre as partes. Na filosofia da ciência, a perspectiva segundo a qual as diversas hipóteses que constituem uma teoria científica não podem ser testadas uma a uma. Testar uma teoria científica implica confrontá-la com a observação. Para fazer isso é preciso deduzir (ver dedução) da teoria certas previsões observacionais. O holista sustenta que não se pode deduzir tais previsões de hipóteses isoladas — na verdade, deduz-se a previsão de todo um conjunto bastante vasto de hipóteses. Assim, se a previsão fracassar tudo o que podemos inferir é que pelo menos uma dessas hipóteses é falsa — não podemos concluir que uma certa hipótese específica foi refutada. Esta perspectiva, também conhecida por tese de Duhem-Quine, sugere que não é fácil falsificar conclusivamente hipóteses científicas. Em epistemologia o coerentismo é um exemplo de holismo. Ver falsificacionismo, método científico.
Dialética: originariamente, a arte do diálogo e da discussão. Em Sócrates é o processo que permite, por perguntas e respostas, refutar (ver refutação) os oponentes expondo as contradições (ver contradição) e as dificuldades das suas posições. Para Platão, a dialéctica é o processo que permite remontar, a partir de hipóteses, de ideia em ideia até à ideia de Bem. Aristóteles considera a dialéctica o estudo dos raciocínios que, ao contrário dos demonstrativos (ver demonstração), partem de premissas (ver premissas) somente prováveis. Kant chama dialécticos a todos os raciocínios ilusórios e define a dialéctica como uma lógica da ilusão. A "Dialéctica Transcendental" é o estudo das ilusões (paralogismos e antinomias) em que a razão cai quando aplicada para além dos limites de toda a experiência possível. Os idealistas alemães (ver idealismo) vêem na dialéctica uma noção triádica, constituída de tese, antítese e síntese, que Hegel pensa constituir o processo histórico necessário ao desenvolvimento do espírito e Marx da matéria. Usa-se também a expressão "dialéctica argumentativa" para referir o modo como se desenvolve a troca de argumentos numa discussão.
Determinismo: Na sua versão radical, é uma teoria que afirma que todos os estados ou acontecimentos do mundo são determinados por estados ou acontecimentos que lhes são anteriores, de acordo com as leis da natureza. Nesta versão, defende-se que, para qualquer acontecimento b, existe um acontecimento a anterior tal que é impossível que ocorra a sem que, consequentemente, ocorra b. Se esta versão mais radical for verdadeira, levanta-se o problema de saber se é compatível com o livre-arbítrio, isto é, se a acção humana pode ser concebida como genuinamente livre — os compatibilistas defendem que sim; os incompatibilistas, que não. O determinismo não deve ser confundido com o fatalismo, que é a doutrina segundo a qual nada do que fizermos agora terá eficácia causal. Além disso, nem todos os deterministas são radicais, existindo filósofos que defendem um determinismo moderado. Ver compatibilismo/incompatibilismo, libertismo e indeterminismo.
Gnosiologia: também chamada Gnoseologia é o ramo da filosofia que se preocupa com a validade do conhecimento em função do sujeito cognoscente, ou seja, daquele que conhece o objeto. Este (o objeto), por sua vez, é questionado pela ontologia que é o ramo da filosofia que se preocupa com o ser. Fazem-se necessárias algumas observações para se evitar confusões. A gnoseologia não pode ser confundida com epistemologia, termo empregado para referir-se ao estudo do conhecimento relativo ao campo de pesquisa, em cada ramo das ciências. A metafísica também não pode ser confundida com ontologia, ambas se preocupam com o ser, porém a metafísica põe em questão a própria essência e existência do ser. Em outras palavras, a grosso modo, a ontologia insere-se na teoria geral do conhecimento, ou Ontognoseologia, que preocupa-se com a validade do pensamento e das condições do objeto e sua relação o sujeito cognoscente, enquanto que a metafísica procura a verdadeira essência e condições de existência do ser.
Bibliografia
Textos retirados dos seguintes site:
Dicionário online de português: http://www.dicio.com.br/
Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal
Dicionário Escolar de Filosofia: http://www.defnarede.com/