domingo, 28 de março de 2010

Abordagem Interpretativista

OS OBSTÁCULOS NA ESTRUTURAÇÃO DO SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PUBLICA (SISP) – 2000-2008

Introdução
Este artigo apresenta a perspectiva fenomenológica da ciência focando no olhar filosófico. Apresenta seu principal precursor e os principais autores que ajudaram no desenvolvimento da fenomenologia. Aborda como se deu a gêneses da abordagem fenomenológica e o pondo de vista que rege o centro desta pesquisa. Apresenta-se porque a descrição clara e subjetiva do individuo é o foco da abordagem fenomenológica e as particularidades envolvidas nesta maneira de atual frente à forma de fazer ciência.

Interpretativismo
A Fenomenologia é uma das tendências dentro do Idealismo Filosófico, situada na vertente do Idealismo subjetivo. O destaque desta corrente é dado para Edmund Husserl, considerado o pai da fenomenologia, e as prováveis origens filosóficas para o desenvolvimento do ponto de vista deste autor sejam Platão, Leibnitz, Descartes e Brentano (TRIVIÑOS, 1987). Segundo Triviños (1987, p.42) o Filósofo Idealista Austríaco, Franz Brentano, seja a procedência dos “conceitos fundamentais da fenomenologia Husserliana”. Nesta a visão é pautada na “intencionalidade”. Segundo Brentano “a psique sempre está dirigida para algo” desta forma ele apresenta a “ intencional” (TRIVIÑOS, 1987, p. 42) como foco o central. Husserl também pega este caminho apresentado, como menciona, Alexandre (2009, p. 60), o qual destaca que “para Husserl, toda consciência é sempre consciência de algo”.
Segundo Loch (2009, p. 94) “o ponto de partida da pesquisa fenomenológica é identificar o que nos interessa profundamente, e se esse problema se constitui num fenômeno real, isto é, se ele é experimentado pelos seres humanos”.
Pode-se destacar que dentro da corrente fenomenológica há grupos de pensadores que defendem certas peculiaridades, assim, uns procuram adaptação da visão da fenomenologia com a introdução de mudanças no pensamento, outros procuram aprofundar certos aspectos e têm os que Lutam para manter as ideias iniciais.
Desta forma, temos os defensores da fenomenologia pura, no qual se pode destacar o Frances Sartre, Merleau-Ponty e Ricoeur, temos também os Alemães como Husserl e seus discípulos Pfânder e Ingarden, por outro lado temos a filosofia das essências com destaque para Heidegger e Max Scheler (TRIVIÑOS, 1987, p. 42).
A pretensão de Husserl era fazer da filosofia uma ciência que tivesse Rigor Científico. A filosofia como ciência rigorosa deveria ter como tarefa estabelecer as categorias puras do pensamento científico (TRIVIÑOS, 1987, p. 42). Entretanto, o autor, voltou-se mais tarde para a investigação do “mundo vivido” pelos sujeitos considerados isoladamente (TRIVIÑOS, 1987).
Para alcançar este objetivo Husserl falou da “Redução Fenomenológica”. Nesta o fenômeno se apresenta puro. Livre de elementos pessoais e culturais chegando a um nível denominado das essências. Neste contexto a fenomenologia apresenta-se como um método e como um “modo de ver” o dado.
A ideia básica da fenomenologia é a noção de intencionalidade. A intencionalidade da consciência que está sempre dirigida a um objeto. Não existe objeto sem sujeito.
Como apresenta Triviños (1987, p. 43) a Fenomenologia é:

[...] o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, tornam a definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas também a fenomenologia é uma filosofia que substitui as essências na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra forma senão a partir de sua facticidade.

A facticidade pode ser entendida como a condição humana pelo qual cada homem se encontra comprometido com uma situação não escolhida por ele.
Cupani (1986 apud ALEXANDRE, 2009, p. 27) apresenta que:

[...] a fenomenologia é uma recuperação do sentido do conhecimento. É uma proposta de superação do método empírico. Sua proposta é de conhecer toda a experiência humana possível. Para isso ela está centrada na intencionalidade do ser. Ela afirma que a essência do conhecimento está na experiência (autêntica) do ser.


Triviños (1987, p. 43) destaca que é “o ensaio de uma descrição direta de nossa experiência tal como ela é sem nenhuma consideração com sua gênese psicológica e com as explicações causais que o sábio, o historiador ou o sociólogo podem fornecer” o entendimento necessário do mundo vivido.
 Em seus últimos trabalhos, Husserl, menciona uma fenomenologia genética e mesmo uma fenomenologia construtiva. O exame do conhecimento, segundo ele, tem de ter um método e este é o da fenomenologia que é “a doutrina universal das essências, em que se integra a ciência da essência do conhecimento” (TRIVIÑOS, 1987, p. 43).
A construção do conhecimento deve ser realizada em cima do mundo vivido por meio da descrição realizada pelo pesquisador sobre o individuo.
A fenomenologia parte da ideia da necessidade de ter um conhecimento indubitável ou possível, ainda que, de início, não nos seja “permitido admitir conhecimento algum como verdadeiro”. O conhecimento intuitivo da vivência é imanente, ou seja, existe sempre num dado objeto e é inseparável dele.
O conhecimento das ciências naturais e matemáticas é transcendente, ou seja, pertence à razão pura, a priori, anteriormente a qualquer experiência, e que constitui uma condição prévia dessa experiência.
A possibilidade do conhecimento não se encontra no conhecimento transcendente da ciência, pois estas não são sistemas de verdade, senão apenas “fenômenos da ciência”.
Para determinar a possibilidade de conhecimento precisa-se da “redução fenomenológica”.
Sobre esta redução fenomenológica o autor destaca:
  • Redução eidética: "ser assim" em contraste ao "ser”.
  • Redução transcendental: pertence à razão pura anteriormente a qualquer experiência.
Ele menciona a utilização da técnica denomina epoché, ou seja, a suspensão do juízo para descrever o dado em toda sua pureza. O autor trabalha com o significado de suspensão das crenças e proposições sobre o mundo natural.
Para Husserl a fenomenologia não mais poderia ser uma ciência base em decorrência dos problemas encontrados ao desenvolver ideias sobre o eu transcendental, o “mundo vivido” a fenomenologia genética e fenomenologia construtiva.
Para Husserl a intencionalidade é algo puramente descritivo, uma peculiaridade íntima de algumas vivências.
Assim, a intencionalidade característica da vivência determinada que a vivência era consciência de algo. Vivência e consciência são ideias básicas para fenomenologia.
O problema da abordagem é que o conhecimento produzido é de caráter subjetivo e pertencente a apenas um sujeito.
Entretanto o conhecimento produzido pela filosofia é um conhecimento enunciado verdadeiro para todos os sujeitos (TRIVIÑOS, 1987). O caminho proposta para sanar este problema é o da intersubjetividade. Falar de intersubjetividade significa tratar o sujeito não como ente empírico, mas como sujeito puro, transcendente, um sujeito geral.
Outra via é que não existem diferenças substanciais entre o subjetivo e o objetivo, pois são expressões de uma mesma realidade.
Desta forma, Husserl afirma que a fenomenologia estuda o universal, o que é válido para todos os sujeitos. O que eu conheço, o que eu vivencio, é vivência para todos, porque foi reduzida a sua pureza íntima, a realidade absoluta (TRIVIÑOS, 1987, p. 46).
Alexandre (2009, p. 60) menciona que “no sentido mais acadêmico do termo, a escola fenomenológica tem missão de construir a guarda da experiência do ser epistêmico que fora discriminado pela tradição empirista refratária das manifestações da consciência metafísica”.
Ao se apreciar as abordagens filosóficas se verifica lacunas, vantagens e confrontos entre as muitas abordagens existentes, mas sobre abordagem fenomenológica exposta, principalmente a mencionada por Triviños (1987), o autor destacar como salutar a de ter questionado os conhecimentos do positivismo.
Hermam (2005, p. 9) também chega a este mesmo entendimento quando destaca:

O grande mérito da fenomenologia é o de ter questionado os conhecimentos do positivismo, elevando a importância do sujeito no processo de construção do conhecimento. Com isso, pode-se dizer que o método fenomenológico é filosófico e não científico. A fenomenologia não leva em consideração a historicidade, mas descreve um pouco mais os fatos e exalta a interpretação do mundo intencionalmente.

Neste sentido, avanços são necessários e formas únicas de encontrar o conhecimento não existem. Assim, alternativas diversificadas com abordagem diferenciadas fazem parte do desenvolvimento intelectual da sociedade para arte de fazer ciência.

Conclusão

A abordagem fenomenológica é uma das alternativas ao método positivista. Como se viu é uma alternativa, que teve como principal mérito o questionamento da abordagem positivista.
Como a gênese de sua utilização foi modificada para se tornar um método para verificação ao invés do que pretendia Husserl na construção de uma ciência pura a abordagem ganhou corpo bem definido ao longo dos tempos e se consolidou como paradigma científico.
Embora tenha ganhado adeptos, este método, assim como outros tem suas vantagens e desvantagens dentro dos procedimentos de pesquisa, mas cabe aos investigadores observarem os problemas de pesquisas e utilizarem o método de abordagem adequado ao que se pretende.

Referências
ALEXANDRE, Agripa Faria. Metodologia Ciênctifica e Educação. Editora da UFSC. Florianópolis. 2009.

LOCH, Selma. Tornar-se Gerente: a experiência vivida por médicos da família e da comunidade ao assumirem a gerência de unidades básicas de saúde. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. 2009.

HERMAN,  Mariane Inês. AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS. 2005. Disponível em: . Acesso em: 20/03/2010.

HUGHES, J. A Filosofia Da Pesquisa Social. Rio De Janeiro: Zahar Editores, 1980.

MARTINS, Roberto de Andrade. O que é ciência, do ponto de vista da epistemologia? Caderno de Metodologia e Técnica de Pesquisa. Nº 9. 1999. Disponível em:< http://ghtc.ifi.unicamp.br/pdf/ram-72.pdf>. Acesso em: 12/03/2010.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992.

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