sábado, 3 de abril de 2010

Abordagem da Complexidade e Metatriangulação


Introdução
Este artigo pretende abordar as principais características da abordagem da complexidade e a construção multi-paradigmática com a utilização da metatringulação.
Ao explorar a complexidade vai-se procurar apresentar a forme de como esta abordagem utiliza seus preceitos para ter uma visão de mundo inter-relacionada à pesquisa.
A metatringulação será apresentada para mostra a possibilidade de utilizar uma técnica de difícil domínio para construção inter-relacional de teorias. Isto devido as especificidades de trabalhar com visões paradigmáticas distintas e, as vezes conflitantes, para esclarecer problemas de pesquisa que carecem de abordagem diferenciadas para atingir uma melhor resolução do problema de pesquisa.
É importante ressaltar que ambos os assunto tratados (Complexidade e Metatriangulação) são sucintamente expostos, pois carecem de espaço mais adequado para ser debatidos e entendidos. Entretanto, embora o espaço aqui seja limitado, o presente papel pode servir como norteador para estudos e aprofundamentos futuros.

Complexidade
A complexidade deriva da palavra complexo que vem do latim complexus, que expressa “aquilo que é tecido em conjunto” como é apresentado pelo Instituto de Estudos da Complexidade (IEC) em seu site.
Desta forma, falar de complexidade não é tarefa muito fácil, mas segundo a Diretora do IEC, Terezinha Mendonça Estarque (2008, p. 1) o pensamento complexo:
[...] é uma forma de ver o mundo que advém, entre outras coisas, do reconhecimento de uma hipercomplexidade do real, cada vez mais revelada pelos avanços da ciência, exigindo um outro modo de articulação do conhecimento que coloque em ressonância problemas oriundos de saberes múltiplos tais como a arte, a filosofia e as ciências.

Neste sentido a abordagem da complexidade oferece uma maneira diferente de pensar e descrever o mundo. Está forma, segundo Edgar Morin, é associada a não separa ou redução como menciona:
O conhecimento, sob o império do cérebro, separa ou reduz. Reduziremos o homem ao animal, o vivo físico-químico. Ora, o problema não é reduzir nem separar, mas diferenciar e juntar. O problema-chave é o de um pensamento que una, por isso a palavra complexidade, a meu ver, é tão importante, já que complexus significa “o que é tecido junto”, o que dá uma feição à tapeçaria. O pensamento complexo é o pensamento que se esforça para unir, não na confusão, mas operando diferenciações. Isto me parece vital, principalmente na vida cotidiana [...] (MORIN, 1999, p. 33)

O mundo não esta disposto em uma linearidade, esta é uma das mensagens da complexidade. Estes pressupostos, embora ainda vigorem, de que o mundo é linearmente organizado e compreensível de forma objetiva estão na visão herdada dos “cientificistas” do séc. XVII, associada especialmente a Galileu, Descartes e Newton (KUHN, 2007).
Por muito tempo se pensou que o mundo podia ser percebido como um sistema mecânico, e este ser descrito sem considerar o papel do observador, onde causas e efeitos podiam ser logicamente previstos, onde a ciência podia oferecer explicações precisas sobre o mudo. Depois se considerou a visão do observado, e a observação passou a verificar isoladamente os indivíduos. Esta visão perdura entre os fenomenologos que buscam a descrição separada do conhecimento.
Entretanto, a teoria da complexidade parte de um ponto de vista que assume as “coisas” – e a nós mesmos – de forma intrinsecamente relacionada.
Neste sentido a Complexidade não deve ser vista como uma maneira mais detalhada e verdadeira de estudar o mundo, mas uma nova maneira de observar e narrar o mundo a partir de relações complexas.
Para Kuhn (1970, apud KUHN, 2007, p. 156) se apresenta:
[...] um paradigma ou visão de mundo se refere a um conjunto de crenças ou suposições básicas, ou um posicionamento sobre a natureza e a organização do mundo, juntamente com as crenças sobre a melhor forma de investigá-lo.

Bauer (2009, p. 3) apresenta claramente a visão pujante que envolve a complexidade e esclarece da seguinte forma:
O que as teorias da Complexidade estão fazendo, em essência, é demonstrar que tudo no Universo é composto tanto por ordem como por desordem, cabendo à ciência aceitar que a incerteza não tem como ser dirimida. O objetivo último do conhecimento não deve mais ser o de desvendar todos os segredos do mundo, mas sim o de propor-se a dialogar com este mundo e suas incertezas.

Pode-se afirmar que o ser humano é antes de tudo um ser explicante. Embora viva num mundo resistente à compreensão, o homem insiste em construir explicações sobre ele. Além de tentar explicar o que não entende, o homem o faz com exageros, insistência e arrogância. Desta forma a ciência da complexidade é vista como um diverso campo de pesquisa que emerge incorporando áreas como física, matemática não-linear, química, ciências micro-biológicas, cibernética, estudos de turbulências e sistemas instáveis.
 Na complexidade ontologia e epistemologia são concebidas como mutuamente constitutivas e não dissociadas. Complexidade descreve um conjunto de narrativas que sugerem que embora certo fenômeno pareça caótico e randômico, ele é realmente parte de um processo coerente maior.
Kuhn afirma que:
A complexidade é “uma poderosa teoria social, pois ela amplia as possibilidades humanas, aprofunda o pensamento e incentiva a inovação” (Kuhn, 2007, p 163 apud Kuhn, 2002, p. 50).

Segundo Kuhn a abordagem da complexidade não é tida como inter-relação de abordagem, mas sim um arcabouço para orientar fielmente a pesquisa científica como se percebe:
Na abordagem da complexidade, aqui proposta, não é visto como uma das ciências interdisciplinares, não é mesmo uma tentativa de integração entre as várias abordagens. Pelo contrário, a complexidade é tomada como um pacote paradigmático, uma orientação estratégica, com suas metáforas ter relevância potencial entre as disciplinas. (KUHN, 2007, p.169) (Tradução Nossa)

Metatriangulação para construção de Teorias
A questão problema da pesquisa cientifica em diferente área do conhecimento enfrenta um problema extremo, ou seja, “como conduzir investigações baseadas em vários paradigmas” (LEWIS; GRIMES, 1999, p. 73).
Frente a esta questão, surge um desafio e Poole e Van de Ven propuseram que os pesquisadores “busquem tensões ou oposições teóricas e as utilizem como estímulo ao desenvolvimento de teorias mais abrangentes” (LEWIS; GRIMES, 1999, p. 73).
Investigação multi-paradigmática
A investigação multi-paradigmática vem para satisfazer a demanda a cerca da utilização de paradigmas individuais à abordagem de problemas avançados de pesquisa, e que de certa forma não se encontra constructos teóricos satisfatórios para esclarecer problemasn de forma isolada.
LEWIS e GRIMES (1999) destacam três abordagens dadas:
·         Revisão Multi-paradigmática
·         Pesquisa Multi-paradigmática
·         Construção de Teorias Multi-paradigmática

Revisão multi-paradigmática

Ao utilizar revisão multiparadigmática os pesquisadores procuram revelar o impacto da ênfase a algumas premissas, muitas vezes dadas como certas pelos teóricos, em suas interpretações sobre os fenômenos organizacionais com duas técnicas que são utilizadas:
·         O agrupamento de Paradigma: diferenciação entre conjuntos variados de premissas.
·         A ligação de Paradigmas: propõe zonas de transição: visões teóricas que liguem os paradigmas.

Pesquisa Multi-paradigmática
Na pesquisa Multi-paradigmática os estudiosos vão além das revisões da literatura existente e aplicam empiricamente as lentes de paradigmas divergentes. Ao conduzirem estudos paralelos ou seqüenciais, os teóricos utilizam paradigmas múltiplos na coleta e análise de dados e no cultivo das diversas representações de um fenômeno no complexo.
·         Estudos Paralelos: preservam os conflitos teóricos ao descreverem as vozes, imagens e os interesses organizacionais ampliados por lentes em oposição.
·         Estudos Sequenciais: os pesquisadores cultivam diversas representações para informar uns aos outros, propositalmente, os resultados de um estudo sob determinado paradigma que proporcionam insumos para estudos subsequentes.

Construção de Teorias Multi-paradigmática
Construção de teorias multiparadigmática auxilia os teóricos na administração de suas racionalidades limitadas e, assim, na acomodação de visões opostas em uma perspectiva multi-paradigmática. Para isto é utilizado duas técnicas:
·         Metateorização: ajudam os teóricos a explorar padrões que ligam interpretações conflitantes.
·         Interação: ajudam os teóricos a desenvolver habilidades nas teorias metaparadigmáticas e a interpretá-las.

Metatriangulação
A diferença é que a abordagem Multiparadigmática denota perspectivas paradigmáticas distintas e a metatriangulação representa uma visão mais holística, que vai além das distinções paradigmáticas e busca revelar disparidade e complementaridade.
A metatriangulação pode auxiliar no desenvolvimento destas teorias mais abrangentes, pois é vista como uma estratégia de aplicação da diversidade paradigmática para promover um maior entendimento de determinados assunto com alto grau de criatividade.
Desta forma, se pode citar Bataglia et. al. (2007) que menciona que:
[...] a metatriangulação para desenvolvimento de teoria conforme Lewis e Grimes (2005) corresponde à investigação multiparadigmática que tem como objetivo explicitar premissas divergentes, facilitando o conhecimento, a utilização, a crítica e o entrelaçamento de perspectivas alternativas. Busca sobrepor e entrelaçar interpretações divergentes em um novo entendimento (BATAGLIA; MEIRELLES; BARRELLA, 2007, p. 10).


Com a metatriangulação, o objetivo não é encontrar “a” verdade, mas encontrar visões de mundo diversas e parciais (GIOIA; PITRE, 1990 apud LEWI; GRIMES, 1999, p. 86).

Conclusão
A abordagem da complexidade apresentada evidenciou um paradigma alternativo dos tradicionais utilizados nas pesquisas cientificas. Embora esteja em crescente emergência não é uma abordagem fácil de trabalhar, pois necessita de um aprofundamento consistente das teorias para desbravar os caminhos a serem trilhados ao longo da pesquisa.
Investigação multi-paradigmática e a metatriangulação também deve ser empregada com certa preocupação e principalmente por investigadores experientes. Nesta última o domínio das técnicas é fundamental.
Assim, procurou-se discorrer sucintamente destes dois assuntos (complexidade e metatriangulação) com a finalidade de buscar um entendimento substancial e amadurecer a visão da utilização de paradigmas na pesquisa científica.

Referências
ALEXANDRE, Agripa Faria. Metodologia Ciênctifica e Educação. Editora da UFSC. Florianópolis. 2009.

BATAGLIA, Walter; MEIRELLES, Dimária Silva e; BARRELLA, Fabiola Pires. Rumo a um Modelo Integrativo entre a Ecologia Organizacional e a Economia Evolucionária. 2007. Disponível em: . Acesso em: 03/04/2010.

LEWIS M. W.; GRIMES, A. I.  Metatriangulation: building theory from multiple paradigms. Academy of Management Review. 1999.

KUHN, Lesley. Why Utilize Complexity Principles In Social Inquery. In: The Journal of General Evolution. World Futures. Volume 63. 2007.

MENDONÇA, Terezinha E. Pensamento Complexo. Instituto de Estudos da Complexidade. 2008. Disponível em: . Acesso em 02/04/2010.

MORIN, Edgar. Por uma reforma do pensamento. In: O pensamento Complexo: Edgar Morin e a crise da modernidade. Organizadores Alfredo Pena-Veja e Elimar Penheiro de Almeida. Rio de Janeiro. Garamond. 1999.

BAUER, R. Caos e Complexidade nas Organizações. 2009. Disponível em: Acesso em: 03/04/2010.

domingo, 28 de março de 2010

Abordagem Interpretativista

OS OBSTÁCULOS NA ESTRUTURAÇÃO DO SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PUBLICA (SISP) – 2000-2008

Introdução
Este artigo apresenta a perspectiva fenomenológica da ciência focando no olhar filosófico. Apresenta seu principal precursor e os principais autores que ajudaram no desenvolvimento da fenomenologia. Aborda como se deu a gêneses da abordagem fenomenológica e o pondo de vista que rege o centro desta pesquisa. Apresenta-se porque a descrição clara e subjetiva do individuo é o foco da abordagem fenomenológica e as particularidades envolvidas nesta maneira de atual frente à forma de fazer ciência.

Interpretativismo
A Fenomenologia é uma das tendências dentro do Idealismo Filosófico, situada na vertente do Idealismo subjetivo. O destaque desta corrente é dado para Edmund Husserl, considerado o pai da fenomenologia, e as prováveis origens filosóficas para o desenvolvimento do ponto de vista deste autor sejam Platão, Leibnitz, Descartes e Brentano (TRIVIÑOS, 1987). Segundo Triviños (1987, p.42) o Filósofo Idealista Austríaco, Franz Brentano, seja a procedência dos “conceitos fundamentais da fenomenologia Husserliana”. Nesta a visão é pautada na “intencionalidade”. Segundo Brentano “a psique sempre está dirigida para algo” desta forma ele apresenta a “ intencional” (TRIVIÑOS, 1987, p. 42) como foco o central. Husserl também pega este caminho apresentado, como menciona, Alexandre (2009, p. 60), o qual destaca que “para Husserl, toda consciência é sempre consciência de algo”.
Segundo Loch (2009, p. 94) “o ponto de partida da pesquisa fenomenológica é identificar o que nos interessa profundamente, e se esse problema se constitui num fenômeno real, isto é, se ele é experimentado pelos seres humanos”.
Pode-se destacar que dentro da corrente fenomenológica há grupos de pensadores que defendem certas peculiaridades, assim, uns procuram adaptação da visão da fenomenologia com a introdução de mudanças no pensamento, outros procuram aprofundar certos aspectos e têm os que Lutam para manter as ideias iniciais.
Desta forma, temos os defensores da fenomenologia pura, no qual se pode destacar o Frances Sartre, Merleau-Ponty e Ricoeur, temos também os Alemães como Husserl e seus discípulos Pfânder e Ingarden, por outro lado temos a filosofia das essências com destaque para Heidegger e Max Scheler (TRIVIÑOS, 1987, p. 42).
A pretensão de Husserl era fazer da filosofia uma ciência que tivesse Rigor Científico. A filosofia como ciência rigorosa deveria ter como tarefa estabelecer as categorias puras do pensamento científico (TRIVIÑOS, 1987, p. 42). Entretanto, o autor, voltou-se mais tarde para a investigação do “mundo vivido” pelos sujeitos considerados isoladamente (TRIVIÑOS, 1987).
Para alcançar este objetivo Husserl falou da “Redução Fenomenológica”. Nesta o fenômeno se apresenta puro. Livre de elementos pessoais e culturais chegando a um nível denominado das essências. Neste contexto a fenomenologia apresenta-se como um método e como um “modo de ver” o dado.
A ideia básica da fenomenologia é a noção de intencionalidade. A intencionalidade da consciência que está sempre dirigida a um objeto. Não existe objeto sem sujeito.
Como apresenta Triviños (1987, p. 43) a Fenomenologia é:

[...] o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, tornam a definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas também a fenomenologia é uma filosofia que substitui as essências na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra forma senão a partir de sua facticidade.

A facticidade pode ser entendida como a condição humana pelo qual cada homem se encontra comprometido com uma situação não escolhida por ele.
Cupani (1986 apud ALEXANDRE, 2009, p. 27) apresenta que:

[...] a fenomenologia é uma recuperação do sentido do conhecimento. É uma proposta de superação do método empírico. Sua proposta é de conhecer toda a experiência humana possível. Para isso ela está centrada na intencionalidade do ser. Ela afirma que a essência do conhecimento está na experiência (autêntica) do ser.


Triviños (1987, p. 43) destaca que é “o ensaio de uma descrição direta de nossa experiência tal como ela é sem nenhuma consideração com sua gênese psicológica e com as explicações causais que o sábio, o historiador ou o sociólogo podem fornecer” o entendimento necessário do mundo vivido.
 Em seus últimos trabalhos, Husserl, menciona uma fenomenologia genética e mesmo uma fenomenologia construtiva. O exame do conhecimento, segundo ele, tem de ter um método e este é o da fenomenologia que é “a doutrina universal das essências, em que se integra a ciência da essência do conhecimento” (TRIVIÑOS, 1987, p. 43).
A construção do conhecimento deve ser realizada em cima do mundo vivido por meio da descrição realizada pelo pesquisador sobre o individuo.
A fenomenologia parte da ideia da necessidade de ter um conhecimento indubitável ou possível, ainda que, de início, não nos seja “permitido admitir conhecimento algum como verdadeiro”. O conhecimento intuitivo da vivência é imanente, ou seja, existe sempre num dado objeto e é inseparável dele.
O conhecimento das ciências naturais e matemáticas é transcendente, ou seja, pertence à razão pura, a priori, anteriormente a qualquer experiência, e que constitui uma condição prévia dessa experiência.
A possibilidade do conhecimento não se encontra no conhecimento transcendente da ciência, pois estas não são sistemas de verdade, senão apenas “fenômenos da ciência”.
Para determinar a possibilidade de conhecimento precisa-se da “redução fenomenológica”.
Sobre esta redução fenomenológica o autor destaca:
  • Redução eidética: "ser assim" em contraste ao "ser”.
  • Redução transcendental: pertence à razão pura anteriormente a qualquer experiência.
Ele menciona a utilização da técnica denomina epoché, ou seja, a suspensão do juízo para descrever o dado em toda sua pureza. O autor trabalha com o significado de suspensão das crenças e proposições sobre o mundo natural.
Para Husserl a fenomenologia não mais poderia ser uma ciência base em decorrência dos problemas encontrados ao desenvolver ideias sobre o eu transcendental, o “mundo vivido” a fenomenologia genética e fenomenologia construtiva.
Para Husserl a intencionalidade é algo puramente descritivo, uma peculiaridade íntima de algumas vivências.
Assim, a intencionalidade característica da vivência determinada que a vivência era consciência de algo. Vivência e consciência são ideias básicas para fenomenologia.
O problema da abordagem é que o conhecimento produzido é de caráter subjetivo e pertencente a apenas um sujeito.
Entretanto o conhecimento produzido pela filosofia é um conhecimento enunciado verdadeiro para todos os sujeitos (TRIVIÑOS, 1987). O caminho proposta para sanar este problema é o da intersubjetividade. Falar de intersubjetividade significa tratar o sujeito não como ente empírico, mas como sujeito puro, transcendente, um sujeito geral.
Outra via é que não existem diferenças substanciais entre o subjetivo e o objetivo, pois são expressões de uma mesma realidade.
Desta forma, Husserl afirma que a fenomenologia estuda o universal, o que é válido para todos os sujeitos. O que eu conheço, o que eu vivencio, é vivência para todos, porque foi reduzida a sua pureza íntima, a realidade absoluta (TRIVIÑOS, 1987, p. 46).
Alexandre (2009, p. 60) menciona que “no sentido mais acadêmico do termo, a escola fenomenológica tem missão de construir a guarda da experiência do ser epistêmico que fora discriminado pela tradição empirista refratária das manifestações da consciência metafísica”.
Ao se apreciar as abordagens filosóficas se verifica lacunas, vantagens e confrontos entre as muitas abordagens existentes, mas sobre abordagem fenomenológica exposta, principalmente a mencionada por Triviños (1987), o autor destacar como salutar a de ter questionado os conhecimentos do positivismo.
Hermam (2005, p. 9) também chega a este mesmo entendimento quando destaca:

O grande mérito da fenomenologia é o de ter questionado os conhecimentos do positivismo, elevando a importância do sujeito no processo de construção do conhecimento. Com isso, pode-se dizer que o método fenomenológico é filosófico e não científico. A fenomenologia não leva em consideração a historicidade, mas descreve um pouco mais os fatos e exalta a interpretação do mundo intencionalmente.

Neste sentido, avanços são necessários e formas únicas de encontrar o conhecimento não existem. Assim, alternativas diversificadas com abordagem diferenciadas fazem parte do desenvolvimento intelectual da sociedade para arte de fazer ciência.

Conclusão

A abordagem fenomenológica é uma das alternativas ao método positivista. Como se viu é uma alternativa, que teve como principal mérito o questionamento da abordagem positivista.
Como a gênese de sua utilização foi modificada para se tornar um método para verificação ao invés do que pretendia Husserl na construção de uma ciência pura a abordagem ganhou corpo bem definido ao longo dos tempos e se consolidou como paradigma científico.
Embora tenha ganhado adeptos, este método, assim como outros tem suas vantagens e desvantagens dentro dos procedimentos de pesquisa, mas cabe aos investigadores observarem os problemas de pesquisas e utilizarem o método de abordagem adequado ao que se pretende.

Referências
ALEXANDRE, Agripa Faria. Metodologia Ciênctifica e Educação. Editora da UFSC. Florianópolis. 2009.

LOCH, Selma. Tornar-se Gerente: a experiência vivida por médicos da família e da comunidade ao assumirem a gerência de unidades básicas de saúde. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. 2009.

HERMAN,  Mariane Inês. AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS. 2005. Disponível em: . Acesso em: 20/03/2010.

HUGHES, J. A Filosofia Da Pesquisa Social. Rio De Janeiro: Zahar Editores, 1980.

MARTINS, Roberto de Andrade. O que é ciência, do ponto de vista da epistemologia? Caderno de Metodologia e Técnica de Pesquisa. Nº 9. 1999. Disponível em:< http://ghtc.ifi.unicamp.br/pdf/ram-72.pdf>. Acesso em: 12/03/2010.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992.