domingo, 14 de março de 2010

Discutindo: o que é ciência?

Introdução

Este artigo pretende discorrer sobre o que é ciência dentro das perspectivas encontradas nas literaturas e focando no olhar acadêmico. O propósito é entender como acontece o enlace que define o pensamento científico. Como é percebido o processo de pesquisa do ponto de vista da comunidade científica. Como a visão de mundo se alia aos processos, técnicas e métodos científicos e são tidos como verdadeiros e aceitos pela comunidade científica.

A ciência

Para começar a falar de “ciência” é imperativo que se apresente o seu significado, para esclarecer o entendimento sobre objeto ao qual se pretende discorrer.

A palavra ciência, quando pesquisa em dicionários, é tida como saber ou conhecimento. Encontra-se que sua etimologia vem do latim scientia ("conhecimento"), o mesmo do verbo scire ("saber") que designa a origem da faculdade mental do conhecimento (Wikipédia em 12/03/2010). Assim, se percebe que para ter um entendimento sobre o que é ciência é necessário procura mais fundo, a fim de se alcançar um bom entendimento. Para se chegar ao aprofundamento pretendido é prudente verificar o que é ciência por meio da epistemologia.

Martins (1999, p. 6) afirma que não se pode entender “o que é ciência” sem antes ver sua interpretação, pois segundo o autor, a abordagem pode ser uma “questão de fato” (questão empírica – o que tem sido ciência?), uma questão de “natureza normativa” (questão axiomática – o que deveria ser ciência?) ou uma questão de “como se define o termo” (questão analítica – o que poderia ser ciência?).

Abordando o termo pela perspectiva da questão empírica, seria necessário descrever o que tem sido chamado de ciência ao longo dos tempos.

Perceber-se que ao longo dos tempos há uma mudança gradativa, pois a prática científica muda, e esta discussão se enquadraria no campo de uma “disciplina meta-científica ” e não filosófica (MARTINS, 1999, p. 7).

Na segunda perspectiva, axiomática, levanta-se uma questão sobre como a ciência deveria ser, ou seja, se sua utilização é correta ou não, e isso implicaria fazer juízo de valores do ponto de vista ético. Segundo Martins (1999), este valores podem ser internos (melhorar o conhecimento da natureza) ou externos (beneficiar a humanidade) e esses pontos cabem a filosofia responder.

A terceira perspectiva é a analítica e foca no que pode ou não ser considerado ciência. E neste caso pode ser visto de diferentes maneiras, mas que não serão abordados neste artigo. Assim, apresenta se três indagações a respeito desta perspectiva que é abordada no Martins (1999, p. 8) para reflexão futuras:

• Quais as diferentes concepções de ciência que já existiram;

• Quais as diferentes concepções de ciência que se pode inventar;

• O que filosoficamente possível ou impossível na ciência.

Algumas destas indagações podem ser respondidas pela filosofia, por fazer parte das questões filosóficas a visão de ciência. Desta forma, o que a filosofia apresenta em sua base?

Discussão sobre Pensamento Filosófico

A discussão sobre pensamento filosófico afirma que ao observar o mundo este está constituído em fenômenos e objetos. Estes, por sua vez, são de natureza espiritual e material.

Como fenômenos e objetos materiais está toda realidade objetiva fora da consciência (rio, morro, terra, lápis, água etc.) Como fenômenos ideais ou espirituais as que se produzem em nossa consciência (pensamentos, ideias, sentimentos, juízos etc.) (TRIVIÑOS, 2008, p. 18).

O critério de prioridade mobiliza a discussão do que surge primeiro, ou seja, a matéria ou o espírito. Assim emerge dois campos, sendo o idealismo e o materialismo.

Os indivíduos adeptos do idealismo filosófico consideram que o espírito, a idéia, o pensamento vem como princípio primeiro e o material em segundo. Já os adeptos ao materialismo filosófico sustentam que a idéia é o aspecto secundário e a matéria surge antes.

Os idealistas podem se reduzidos aos que são representados pelo idealismo subjetivo e pelo idealismo objetivo. Segundo Triviños (2008, p. 19), para o idealista subjetivo “existir significa ser percebido”, assim a “única realidade é a consciência do sujeito, o conjunto de sensações, vivencias, estado de animo e sensações”.

O idealista objetivo foca na idéia suprema ou espírito absoluto e rejeita a ideia que o primário seja a consciência individual.

O materialismo filosófico apóia-se na conclusão da ciência para explicar o mundo, o homem e a vida. Dentro do materialismo podemos destacar os tipos existentes como materialismo ingênuo (realidade objetiva é tal como é percebida), espontâneo (realidade objetiva fora da consciência podendo ser levado ou empirismo ou positivismo), mecanicista (reduz todos os processos da natureza em processos mecânicos), vulgar (relação entre o cérebro e a idéia, no qual o primeiro produz o segundo de forma relacional) e o dialético (como essência do mundo a matéria sento esta anterior a consciência e a realidade objetiva tendo suas leis cognoscíveis) (TRIVIÑOS, 2008).

Na possibilidade de conhecimento reside o problema fundamental da filosofia no qual se destaca a prioridade, como foi vista a primazia entre matéria e espírito, e na cognicibilidade mundo.

Dentro desses fundamentos navegam os filósofos que negam a possibilidade do ser humano de conhecer o mundo e os que acreditam que o homem é capaz de conhecer o mundo.

O critério de verdade que é a considerado por muitos como a base da ciência, pode ser descoberto com auxílio, em ultima análise, do paradigma que vai balizar o método de pesquisa a ser utilizado para a abordagem de um problema científico.

Segundo Morgan (2007, p. 13) “o paradigma é, portanto, utilizado aqui em seu sentido metafórico ou filosófico, para denotar uma visão implícita ou explicita da realidade”. Desta forma o paradigma pode ser interpretado como sendo a visão do mundo na perspectiva do pesquisador.

Morgan (2007) apresenta quatro paradigmas para sustentação ao desenvolvimento de trabalhos científicos que focam a natureza da ciência e a natureza da sociedade, este último, segundo meu entendimento, refere-se à prática social. Os paradigmas são funcionalista, interpretativista, humanista radical e estruturalista. Em cada um deles há olhares diferentes de abordagem que se apóiam na visão objetiva e na subjetiva e em uma social regulação a uma social dominação da mudança radical.

Dentro destas visões está a “ciência” com seus modelos de dominação intelectual imposta por “autoridades intelectuais” como menciona Hughes (1980).

Estas autoridades intelectuais que são a elite da comunidade científica escolhem e ditam o padrão das publicações assim como escolhem o que é ou não desenvolvido dentro de critérios científicos aceitáveis pela comunidade. As quebras de paradigmas não acontecem de forma abrupta, mas sim de forma gradual para que seja digerida em doses homeopáticas pela elite cientifica que dita o que é ciência.

Esta forma de pensar tolhe o desenvolvimento de teoria e avanços tal como a idade média o vez, porem de forma mais polida, mas menos perversa.

Assim corroboro com a visão de Martins (1999) ao mencionar o desenvolvimento de uma visão não proibitiva de ciência. Frente ao posicionamento que o autor apresenta que os critérios que é impossível de se construir uma ciência fundamentada, que seja puramente dedutiva ou indutiva como mostra o trilema de Aristóteles (MARTINS, 1999).

Entretanto romper o atual estágio e evoluir para um patamar mais elevado de ver a produção científica representa para muito sair de seus confortáveis nichos de conhecimento e se aventurarem em meio a estradas tortuosas de um novo paradigma de construção cientifica.

Conclusão

A percepção de como se deve observar a ciência, pode ter diversas formas e vai depender do pondo de partida do investigador. A abordagem pode variar de acordo com que se pretende buscar no processo de produção científica.

Para descobrir qual é a abordagem mais adequada a filosofia dá os subsídios necessários na maioria das perspectivas que se pretende desenvolver o trabalho científico. Nela o pesquisador vai encontra nas bases da filosofia o caminho a ser percorrido dentro do ponto de vista nos campos ideológicos e materialista, assim como suas subdivisões.

Dentro destes campos a visão do mundo pode se encaixar de maneira a enquadrá-lo em um paradigma.

Contudo, a forma de afirmar o é ou não ciência prejudica imensamente a forma de criar novos paradigmas, teorias, métodos de pesquisa entre outras. Esta forma de agir tolhe a inovação e freia desenvolvimento de novos os processos científicos.

Referências

HUGHES, J. A Filosofia Da Pesquisa Social. Rio De Janeiro: Zahar Editores, 1980.

MARTINS, Roberto de Andrade. O que é ciência, do ponto de vista da epistemologia? Caderno de Metodologia e Técnica de Pesquisa. Nº 9. 1999. Disponível em:< http://ghtc.ifi.unicamp.br/pdf/ram-72.pdf>. Acesso em: 12/03/2010.

MORGAN, G. Paradigmas, Metáforas e Resoluções de Quebra-cabeças na Teoria das Organizações. In: Teoria das Organizações. Caldas, p. Miguel. Bertero, Carlos Osmar. (Coord). São Paulo: Atlas. 2007.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992.

Um comentário:

  1. Até os que apenas dominam, conhecimentos religiosos: também dominam: conhecimentos científicos.

    CIÊNCIA: É TER CONHECIMENTO.

    Ao fazer essa descoberta, eu que sempre dominei, conhecimentos religiosos e científicos:

    Passei a fazer, as maiores DESCOBERTAS CIENTÍFICAS AVANÇADAS: de todos os tempos.

    Para conhece-las, gentileza acessar o blog http://descobertascientificasavancadas.blogspot.com.br/



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